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Empreendedorismo | Decisões referentes a endividamento de curto e longo prazo

Os índices de endividamento são utilizados como indicador financeiro na análise do endividamento da empresa. De maneira geral, ele mede a proporção do endividamento da empresa em relação aos seus ativos (o quanto desses ativos está financiado por terceiros). Esses índices também nos informam se a empresa utiliza mais recursos de terceiros ou dos proprietários. Se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte no curto prazo (Circulante) ou no longo prazo (Não Circulante).

Como regra, os investimentos feitos no Ativo da empresa são considerados como “aplicações” de recursos e são financiados com capital de terceiros (Passivo Circulante + Passivo Não Circulante) e com capital próprio (Patrimônio Líquido). Capital de terceiros e capital próprio são considerados para a empresa como “origens” de recursos.

Uma participação de capital de terceiros exagerado em relação ao capital próprio torna a empresa vulnerável a qualquer intempérie. Normalmente, as instituições financeiras não estão dispostas a conceder financiamentos para as empresas que apresentam essa situação de endividamento. Em média, as empresas que vão à falência apresentam endividamento elevado em relação ao Patrimônio Líquido.

Na análise do endividamento: (a) as dívidas para realizar aplicações no Ativo, como ampliações, expansão, modernização etc. são consideradas endividamento sadio, mesmo sendo um tanto elevado, pois as aplicações produtivas deverão gerar recursos para saldar os compromissos assumidos; (b) já as dívidas para pagar outras dívidas que estão vencendo, por não gerarem recursos para saldar os compromissos, a empresa recorrer a empréstimos sucessivos e em permanecendo este círculo vicioso, será uma candidata à insolvência; consequentemente, à falência.

Participação de capitais de terceiros sobre recursos totais

Quando os índices de endividamento é alto é comum os empresários se assustarem. Todavia, sem endividamento, ninguém cresce. Dívida significa origem de recursos. O ideal é crescer com recursos dos proprietários. No Brasil, não há uma vocação de injeção de recursos pelos proprietários e o mercado de capitais – venda de ações das empresas na Bolsa de Valores é incipiente, razão pela qual a empresa precisa recorrer a capital de terceiros.
Em países desenvolvidos, onde são captados muitos recursos por meio de investidores – Bolsa de Valores, assim mesmo, o endividamento é alto. Os investimentos no Ativo em relação à tecnologia são tão velozes que requer muito financiamento para a empresa ser competitiva.

No entanto, é importante ressaltar o risco de crescer com dívidas. As dívidas só compensam quando suas taxas são compatíveis em termos reais, com o retorno gerado pelo Ativo e quando os prazos de geração se coadunam com os de pagamento dos bens financiados. Sempre há necessidade de administrar as dívidas e, em alguns casos, até reduzir as vendas autofinanciadas para reduzir a necessidade de capital de giro ou alternativas.

A forma de reduzir o índice de endividamento é aumentando o capital próprio em proporção maior que o capital de terceiros. Os acréscimos mais comuns no capital próprio são os aumentos de capital em dinheiro e lucro, a parte retida e não distribuída aos proprietários. 

Composição do endividamento

A análise da composição do endividamento é bastante significativa: normalmente o endividamento de curto prazo é utilizado para financiar o Ativo Circulante e o endividamento de longo prazo é utilizado para financiar o Ativo Imobilizado. 

A proporção favorável será a com maior participação de dívidas no longo prazo, proporcionando à empresa mais tempo para gerar recursos que saldarão os compromissos. Expansão e modernização devem ser financiadas com recursos de longo prazo, pois os recursos a serem gerados pela expansão ou modernização virão no longo prazo.

Se a composição do endividamento apresentar uma significativa concentração no curto prazo, a empresa poderá ter reais dificuldades num momento de reversão de mercado – o que não acontecerá se as dívidas estivessem concentradas no longo prazo. Na crise, a empresa terá poucas alternativas: vender seus estoques na base de uma liquidação forçada; assumir novas dívidas no curto prazo, com juros altos, aumentando as despesas financeiras. Se a concentração da dívida for a longo prazo, a empresa, num momento de revés, terá mais tempo para replanejar a sua situação. 

É observado na pequena e em alguns casos na média empresa, uma excessiva concentração de endividamento no curto prazo, estando a empresa continuamente no sufoco financeiro para pagar as suas dívidas, que estão vencendo a todo o momento. Não sobra tempo para gerar recursos e para planejar, sendo necessário uma constante corrida atrás de recursos para cobrir as dívidas que estão vencendo. 

Quando a empresa desconta duplicatas, por exemplo, considerando o saldo médio exigido pelos bancos e outros serviços e papéis de aquisição obrigatória, a taxa de juros real torna-se muito maior do que aquela anunciada pelo gerente (taxa nominal). Essas despesas financeiras reduzem sensivelmente a rentabilidade da empresa ou até proporcionam prejuízo em alguns casos. 

A troca de dívidas de curto prazo, por dívidas de longo prazo é sempre interessante, não obstante requeira da empresa um maior cuidado em sua contabilidade, orçamento, planejamento e viabilidade do projeto. O que jamais se pode admitir é a utilização de financiamento de curto prazo para projeto de longo prazo, isso é suicídio.

Por fim, são noções básicas de análise e interpretação de indicadores de capital de terceiros e se estas dívidas têm seus vencimentos de curto ou longo prazo, bem como podem influenciar na situação financeira da empresa. Recomendamos sempre que estes índices de endividamento sejam analisados em conjunto com outros índices, de modo a auxiliar o gestor para uma tomada de decisão mais acertada.


BGC | Edição | 1908.

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